R$275,00

R$255,75 com Pix
3x de R$91,67 sem juros
7% de desconto pagando com Pix
Ver meios de pagamento
Frete grátis a partir de R$500,00
Não acumulável com outras promoções
Entregas para o CEP: Alterar CEP
Meios de envio
Descrição

 

• Lacrado / Importado

• Capa Simples

• Livreto de 30cm com 8 páginas 

• Vinil 180g 

• Selo: Habibi Funk

• Ano de lançamento: 2015

• Ano da prensagem: 2015

 

Cheguei a Marrocos em 2012 como gerente de turnê do Blitz The Ambassador, que na época se apresentava no Festival Mawazine em Rabat. Era o último show da turnê, então acabei ficando um pouco mais, passando alguns dias extras na cidade de Casablanca, uma cidade rústica, porém bela. Nas décadas de 1960 e 1970, a cidade era o centro da cena musical e da indústria fonográfica marroquina, com mais de uma dúzia de gravadoras lançando uma grande variedade de estilos musicais.

 

Caminhando pela cidade em 2012, acabei em uma parte particularmente decadente da medina. Peguei algumas ruas laterais e me deparei com uma lojinha repleta de aparelhos eletrônicos quebrados. Eu quase teria passado por ela sem notar, não fosse o fato de que, atrás do lixo eletrônico, havia pilhas de discos de vinil antigos. Descobri que o dono da loja havia sido dono de uma gravadora na década de 1970 e, em algum momento da década de 1980, seu negócio migrou para a eletrônica depois que as fitas cassete dominaram o mercado. Levei quase um dia inteiro para vasculhar as pilhas de discos, a maioria compactos de 7 polegadas que eu nunca tinha visto antes. Um disco em particular me chamou a atenção. Era de uma banda chamada "Fadaul et les Privileges" e mencionava James Brown nos créditos da música "Sid Redad", no lado A. Nem preciso dizer que minhas expectativas estavam altíssimas. A primeira vez que ouvi o disco, fiquei impressionado. Um cover de "Papa Got a Brand New Bag", de James Brown, cantado em árabe e acompanhado por uma banda de três integrantes com uma gravação crua. É difícil descrever a música sem tê-la ouvido, mas com o tempo acabei resumindo como funk árabe com uma atitude punk. Uma descrição que, na minha opinião, chega bem perto. Logo fiquei obcecado pelo disco, mas ninguém parecia saber nada sobre o vinil ou os artistas, nem mesmo o Google ajudou. Uma verdadeira joia esquecida com o passar do tempo. Continuei viajando para Marrocos em busca de informações sobre os artistas, o que não se mostrou frutífero nas primeiras viagens. O que me motivou foi o fato de que, ao longo dos anos seguintes, fui encontrando diversos discos do Fadoul, totalizando quatro. Todos eles tinham a estética sonora crua de "Sid Redad". Performances energéticas, uma voz poderosa e uma atmosfera vibrante que se manteve nas gravações.

 

Só em 2014 consegui as primeiras informações sobre o Fadoul, através de membros de outra banda marroquina chamada Golden Hands. Eles me contaram que o Fadoul havia falecido há muito tempo. Por mais triste que tenha sido ouvir isso, foi o início de uma busca que começou com um telefonema para outro cantor marroquino chamado Tony Day, que sabia onde a família do Fadoul morava na década de 1980. Depois de mais uma viagem a Marrocos, inúmeras corridas de táxi e incontáveis ​​telefonemas e conversas de rua, estávamos em frente à casa da família de Fadoul, no centro de Casablanca. Acabamos por conhecer uma de suas irmãs, que compartilhou conosco belas histórias sobre a vida do irmão. Um espírito criativo que pintava, atuava no teatro e, por fim, dedicou a maior parte de sua energia à música. Passou um tempo morando em Paris, absorvendo a música de James Brown, Free e outras bandas americanas, lançando as bases de sua mistura única de influências musicais árabes e ocidentais. Após sua carreira musical, continuou a compor na década de 1980, explorando novos horizontes musicais. Um dos jingles de uma grande marca marroquina de suco de laranja foi composto por ele. Casou-se e teve dois filhos. Fadoul faleceu em 1991, em Casablanca, aos 50 anos.

 

É desnecessário dizer que estar sentado na sala de estar da família de Fadoul foi um momento emocionante para todos nós. Para sua irmã e família, que jamais imaginariam que a música de Fadoul alcançaria tanta atenção fora de Marrocos e que não a ouviam há 30 anos devido à ausência de um toca-discos em casa. E, obviamente, também para mim, já que a busca de três anos finalmente chegou ao fim. Fiquei mais do que feliz que eles tenham gostado da ideia de relançar a música de Fadoul. Então, aqui está: "Azmanah Sa'Ib (O Tempo É Difícil)", o primeiro LP de Fadoul, 45 anos após o lançamento original de sua música.